Uma
das frases mais ouvidas será, porventura, «vamos jogar para ganhar!», que tem
uma variante: «Jogamos sempre para ganhar!».
E
eu fico a pensar: que diabo! Eu sempre joguei para ganhar, a não ser que estivesse
doente ou que, por brincadeira com os meus netos, lhes desse a eles,
pedagogicamente, a possibilidade de me ganharem. Mas, mesmo a botões, como sói
dizer-se, o indígena joga para ganhar, quanto mais um treinador de futebol!...
Compreende-se:
essa é uma frase que não mói ninguém, porque é tão evidente que não aquenta nem
arrefenta e o busílis será, um dia, quando um jogador vier e disser que «vocês
bem sabem, nós hoje jogámos para perder»! Se foi de propósito, havia mouro na
costa e teriam a Federação à perna
para descobrir a marosca!
Frases
ocas, vazias de significado preciso, como as dos que fazem campanha eleitoral e
são capazes de prometer a Lua, que o Povo é de promessas que gosta e logo
depois, como escreveu Gustave Le Bon, depressa as promessas se põem para trás
das costas…
Mas
o adjectivo ‘vazio’ fez-me lembrar uma daquelas mensagens que os amigos amiúde
nos enviam, plenas de sabedoria. É a da carroça vazia. O pai está a dar um
passeio com o filhote num parque:
‒ Além do trinar dos pássaros, que é que tu
estás a ouvir?
O
moço apurou o ouvido:
‒ Vem aí uma carroça, pai!
‒ Sim, meu filho, uma carroça. E vazia!
‒ Vazia? Como é que tu sabes que está vazia,
se ainda não a viste?
‒ Pelo barulho. Quanto mais vazia, mais
barulho ela faz!
Pois!
José d’Encarnação
Publicado em Renascimento
(Mangualde) nº 657, 01-03-2015, p. 12.
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