Permita-me,
pois, que partilhe uma dessas mensagens fora do comum. Porventura já a recebeu
e, se não está na idade dos 60 ou lá por perto (a mais ou a menos), é capaz de nem
sequer a ter lido. Digo-lhe, porém, que vale a pena. Se estiver nessa faixa
etária, para se consciencializar do que vale; se já a ultrapassou, porque vale
ainda mais; se tiver menos, para se lembrar de pais e avós que nela estão. E…
se for político ou candidato a essa profissão, para que, um dia, quando estiver
assim mais voltado para a reflexão (sim, eu sei, são muito poucos esses dias,
mas lá há-de calhar algum…), possa pensar nisso muito a sério.
Uma
precaução , primeiro: neste momento
da pesquisa, desconhece-se o seu autor. Na verdade, é dado como escrito pela antropóloga Mirian Goldenberg, professora
do Departamento de Antropologia Cultural do Instituto de Filosofia e Ciências
Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, instituto onde, por sinal,
já por diversas vezes tive a honra de leccionar; no entanto, Mirian Goldenberg
explica noutro local que gosta da palavra “velho” e acha
«importante usá-la para combater o estigma que cerca
a velhice» e que, embora algumas das ideia s
expressas no texto até coincidam com o que ela pensa (a antropóloga acaba de
lançar o livro A Bela Velhice),
estoutro, de facto, não lhe pertence.
Certo é, porém, que, em busca de
autor e sob o título «Sexalescentes», termo plasmado por analogia com ‘adolescentes’ e que
ali se pretende venha a substituir o quase depreciativo «sexagenário», porque essa geração ,
opina-se, simplesmente não tem «nos seus planos deixar-se envelhecer», o texto
está a correr mundo.
E,
em jeito de aperitivo, transcrevo duas passagens, que retirei de http://revistastravaganza.com.br/index.php/por-ai/414-sexalescentes:
«[…] Alguns nem sonham em aposentar-se. E os
que já se aposentaram gozam plenamente cada dia sem medo do ócio ou solidão.
Desfrutam a situação , porque depois
de anos de trabalho, criação dos
filhos, preocupações, fracassos e sucessos, sabe bem olhar para o mar sem
pensar em mais nada, ou seguir o voo de um pássaro de sua janela. […] Escrevem
aos filhos que estão longe e até se esquecem do velho telefone para contatar os
amigos – mandam e-mails com as suas
notícias, ideia s e vivências».
«Os
homens não invejam a aparência das jovens estrelas do desporto ou dos que
ostentam um terno Armani, nem as mulheres sonham em ter as formas perfeitas de
uma modelo. Em vez disso, conhecem a importância de um olhar cúmplice, de uma
frase inteligente ou de um sorriso iluminado pela experiência. […] Celebram o
sol em cada manhã e sorriem para si próprios...».
Publicado em Renascimento
(Mangualde), nº 624, 01-10-2013,
p. 12.
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