Nesse
desiderato se insere, disse, a criação
dos prémios Fernando Namora (ora em 16ª edição )
e Revelação Agustina Bessa-Luís (6ª
edição ). Mesmo em tempo de crise,
não abdicou a Estoril-Sol de exercer, desta sorte, a sua missão de cidadania;
de manter uma galeria de arte com espaço generoso; e de mostrar energia,
criatividade e determinação , por
exemplo, na manutenção da
multipremiada revista Egoísta – mau
grado o facto de, a partir de 2008, estarem a diminuir substancialmente as receitas
do Jogo. Congratulou-se, pois, com o
elevado número de concorrentes e, a propósito do júri qualificado que apreciou
os trabalhos, salientou a enorme estatura intelectual e humana de Vasco Graça Moura,
que presidiu a este júri, até que as forças lho permitiram (este concurso,
relativo a 2013, ainda decorreu sob sua presidência). Por isso, justamente para
lembrar a relevância da Cidadania, anunciou que a Estoril-Sol ora estatuía o Prémio
Vasco Graça Moura para galardoar obras que pugnem pela Cidadania Cultural.
Aliás,
a personalidade de Graça Moura seria alvo de referências elogiosas por parte de
todos os oradores desse final de tarde, no auditório do Casino Estoril. Referiram-se-lhe
(o «grande Amigo que nunca perderemos!») Guilherme de Oliveira Martins, que ora
preside ao júri, os dois premiados e o próprio Secretário de Estado da Cultura,
Jorge Barreto Xavier, que presidiu à sessão.
O
angolano José Eduardo Agualusa foi distinguido pelo romance Teoria Geral do Esquecimento e, na acta,
o júri fundamentou essa atribuição ,
tendo em consideração «a escrita
ágil de um autor que sabe realizar uma especial economia de efeitos,
encontrando uma linguagem em que o português é falado em intercepção com outros modos». A história, plena de ironia e
de humor, de uma aveirense em Luanda, na véspera da declaração da independência.
Coube
a Paula Cristina Rodrigues o prémio Revelação ,
com o romance Horizonte e Mar, que reflecte
a vida genuína das gentes da costa atlântica (a autora, natural do Porto, vive
em Matosinhos), o docinho da língua como realidade viva, numa «abordagem
etnográfica pouco presente no panorama da actual ficção
portuguesa, expressa numa narrativa bem conduzida, cuja frase é, no geral,
vertebrada, sendo sentimentalmente envolvente e susceptível de atravessar
diversos patamares de leitura», lê-se na acta.
Ambos
os contemplados, na brevíssima alocução
de agradecimento que fizeram, não deixaram, como se disse, de salientar o
grande amor de Vasco Graça Moura à língua portuguesa, em todas as suas
variantes, sublinharia Agualusa, a variante brasileira, angolana, cabo-verdiana … pois era a língua o seu «instrumento de
trabalho».
A
encerrar a sessão, Barreto Xavier evocaria a última viagem de Vasco Graça Moura
a Bogotá, já debilitado mas numa vontade de promover a cultura portuguesa
também além-fronteiras, e felicitou a Estoril-Sol por ter a Cultura sempre bem presente
na sua actividade, numa contribuição
sempre activa.
Seguiu-se
o jantar no Restaurante Estoril Mandarim, em homenagem aos premiados.
Publicado em Cyberjornal, edição de
18-12-2014:
http://www.cyberjornal.net/index.php?option=com_content&view=article&id=1124:respirar-e-preciso&catid=17&Itemid=30
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