E
desato a ver aquilo de que todos nós mais precisamos, de «bom», de «feliz», de
«próspero». Olho à minha volta, recordo as frases do dia-a-dia, aquelas que
mais me tocam, que mais me chocam, que mais abanam comigo pelas consequências
que têm:
‒ «Não tenho tempo para nada!»
‒ «Isto é uma inquietação pegada todos os
dias!»
‒ «Olha, esqueci-me!»
Dei
comigo, portanto, desde há uns anos a esta parte, a desejar aos meus amigos,
pelo Natal, pelo Ano Novo, nos aniversários, «serenidade e tempo». E recordo
amiúde a frase de Michel Quoist: «Tens muito tempo à tua disposição, mas passas
o tempo a perder o teu tempo».
A
serenidade. Que nada acontece por acaso e, em cada momento, há que encarar a
situação de frente, pesar prós e contras e decidir como se acha melhor. Porque
não aprendes a respirar fundo, a caminhar devagar? É ainda Michel Quoist: «Os
grandes homens fazem dez vezes mais trabalho do que nós, em dez vezes menos
tempo. Porquê? Sabem organizar-se: protegem, defendem ou são capuzes de
readquirir a sua calma, dando-se inteiramente a uma tarefa de cada vez».
O
esquecimento – porquê? Porque não disciplinamos o nosso pensamento, saltamos de
uma tarefa para outra, sem terminarmos a primeira nem a segunda, como aquele
senhor que pega nas chaves para as ir arrumar, depois vê uma carta e abre-a,
pousa as chaves e tocam à campainha e vai atender, e lembra-se de ir tomar o
café e, à noite, as chaves continuam fora de sítio e ele já nem sabe onde as
deixou. «Olha, esqueci-me!» será, por vezes, desculpa; mas, se reflectirmos bem,
é esquecimento mesmo, porque… andamos de cabeça no ar!
O
meu voto, pois, leitor amigo: que, nesta quadra e em 2015, a serenidade impere
na sua vida; saiba organizar bem o seu tempo, de modo que o esquecimento não
seja, em nenhum dia, o seu inquietante companheiro!
Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 652, 15-12-2014, p. 20.
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