sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Os nossos falares

             A celebração do centenário da elevação de Alportel a concelho continua, felizmente, a suscitar mui saudáveis iniciativas tendentes a revigorar a memória das gentes, a cimentar a comunidade que somos e queremos fortalecer.
            Sucedem-se nos jornais locais as colunas a rememorar tempos antigos; a própria agenda cultural São Brás Acontece não deixa, nesse aspecto, seus créditos por mãos alheias; renovam-se as fontes antigas na intenção de voltarem a ser locais de encontro…
            Gostaria também de incluir nessa vaga o empenho – de que, por exemplo, a Biblioteca Municipal poderá ser alfobre – em se recolherem frases e palavras susceptíveis de cair em desuso e que nos são muito próprias. De algumas me fiz eco; muitas mais haverá e só a colaboração de todos, mormente ouvindo os mais velhos, poderá contribuir para salvaguardar o que é nosso ou, pelo menos, de nosso uso.
            – Já viste a charronca velha que ele comprou, mó? Aquilo é carro que não dura um mês, aposto!...
            – Um cozidinho de grão? Também embarca, claro!
            – Isto, menino, com o andar disfarça e parado não se nota!
            – Vamos esbulhar o milho?
            – Em Dia de Maio toca de atacar o Maio!
            Exemplos singelos de uma riqueza a preservar, não lhe parece?

Publicado em VilAdentro [S. Brás de Alportel] nº 192, Janeiro de 2015, p. 10.

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