segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Museu do Mar abriu portas ao... Mar!

           Na mui aconchegada salinha das exposições temporárias do Museu do Rei D. Carlos e no âmbito das comemorações do Dia Nacional do Mar, inaugurou-se, na tarde de sábado, 16, a exposição «Mar».
            A exposição, concretizada com a colaboração do Teatro Experimental de Cascais, que cedeu para o efeito o acervo do seu Centro de Documentação referente à peça, constituiu também pretexto para evocar dois grandes vultos da cultura nacional: Miguel Torga e Almada Negreiros, tendo como mote a peça de Torga intitulada “Mar”, encenada por Carlos Avilez e estreada, no Teatro Gil Vicente, em Cascais, a 5 de Maio de 1966.
            Dos actores que integraram o elenco esteve presente João Vasco, que emotivamente recordou ter sido essa a estreia de António Feio e lembrou, com saudade, os seus companheiros de cena, alguns deles já desaparecidos: Mirita Casimiro, Zita Duarte, Santos Manuel, Manuel Cavaco, Filipe La Féria, Marília Costa e Glicínia Quartin. Lembrou ainda como, após o 25 de Abril, a companhia fora expulsa do Gil Vicente, quando se encontrava em digressão em Moçambique e os seus pertences dali retirados à força, sem que os representantes do TEC cá estivessem. Felizmente, sublinhou João Vasco, os intervenientes nessa acção de despejo não se aperceberam de que ia ali a maqueta da peça assinada por Almada Negreiros!
            Carlos Avilez evocou, por seu turno, o que fora o seu encontro com Almada e a forma extraordinariamente cordata e dedicada como o artista – que morava em Bicesse, como se sabe – graciosamente aceitou o desafio de fazer a maqueta do cenário e desenhar os figurinos (material que está exposto) e como acompanhou a preparação da peça.
            Carlos Carranca – que tanto tem estudado a obra de Miguel Torga – deu conta da importância que esta obra teve no percurso literário do escritor, nomeadamente no que fora a sua actividade na década de 40, com uma série de obras (“Terra Firme”, por exemplo) de forte pendor etnográfico e patriótico.
            Três estudantes do 1º ano da Escola Profissional de Teatro de Cascais representaram, a terminar, uma passagem da peça: a narração do imaginário encontro do pescador com a sereia, símbolo do sonho que, apesar das procelas, há sempre que acalentar!
            A exposição pode ser visitada de terça a domingo, das 10 às 17 horas; aos sábados e domingos, das 10 às 13 e das 14 às 17.

Publicado em Cyberjornal, edição de 2013-11-17:



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