A
exposição, concretizada com a colaboração do Teatro Experimental de Cascais,
que cedeu para o efeito o acervo do seu Centro de Documentação referente à
peça, constituiu também pretexto para evocar dois grandes vultos da cultura
nacional: Miguel Torga e Almada Negreiros, tendo como mote a peça de Torga
intitulada “Mar”, encenada por Carlos Avilez e estreada, no Teatro Gil Vicente,
em Cascais, a 5 de Maio de 1966.
Dos
actores que integraram o elenco esteve presente João Vasco, que emotivamente recordou
ter sido essa a estreia de António Feio e lembrou, com saudade, os seus companheiros
de cena, alguns deles já desaparecidos: Mirita Casimiro, Zita Duarte, Santos
Manuel, Manuel Cavaco, Filipe La Féria, Marília Costa e Glicínia Quartin.
Lembrou ainda como, após o 25 de Abril, a companhia fora expulsa do Gil Vicente,
quando se encontrava em digressão em Moçambique e os seus pertences dali
retirados à força, sem que os representantes do TEC cá estivessem. Felizmente, sublinhou
João Vasco, os intervenientes nessa acção de despejo não se aperceberam de que
ia ali a maqueta da peça assinada por Almada Negreiros!
Carlos
Avilez evocou, por seu turno, o que fora o seu encontro com Almada e a forma extraordinariamente
cordata e dedicada como o artista – que morava em Bicesse, como se sabe – graciosamente
aceitou o desafio de fazer a maqueta do cenário e desenhar os figurinos
(material que está exposto) e como acompanhou a preparação da peça.
Carlos
Carranca – que tanto tem estudado a obra de Miguel Torga – deu conta da importância
que esta obra teve no percurso literário do escritor, nomeadamente no que fora
a sua actividade na década de 40, com uma série de obras (“Terra Firme”, por
exemplo) de forte pendor etnográfico e patriótico.
Três
estudantes do 1º ano da Escola Profissional de Teatro de Cascais representaram,
a terminar, uma passagem da peça: a narração do imaginário encontro do pescador
com a sereia, símbolo do sonho que, apesar das procelas, há sempre que
acalentar!
A exposição
pode ser visitada de terça a domingo, das 10 às 17 horas; aos sábados e domingos,
das 10 às 13 e das 14 às 17.
Publicado em Cyberjornal, edição de 2013-11-17:
Um recordar de quem acompanhou de perto a realização do Mar! Abraços -
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