quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Ora, ora, as galinhas!

            Quando se conheceu a história dos meninos que de galinhas só as sabiam peladas e a rodar no espeto, nunca se tendo interrogado como é que elas eram na realidade, houve um baque e os professores e os pais tomaram consciência do erro em que estavam a cair e que urgia remediar bem depressa: voltar à terra, já!
            Sigo, pois, a sugestão e os ensinamentos do Padre Afonso e aí vão dois ou três apontamentos, para que se não esqueça como foi e, se calhar, como daqui a pouco voltará a ser.
            Assim, ainda em meados do século passado, para as galinhas não chocarem eram metidas em água para se lhes tirar… a febre! Isso de ir para o choco – e lá maternalmente estavam 21 dias!... – era, de facto, febre que lhes dava. Por vezes, vinha mesmo a jeito, porque importava que os pintos saíssem pela Lua Cheia ou em Quarto Crescente, mais fortezinhos nas pernas…
            Estava em causa o acrescento da capoeira e, consequentemente, todos os cuidados eram poucos: alcofinha com palha e todos os dias lá se ia levantar a ‘menina’ para a pôr a comer, a beber e a… sujar! À saúde de mãe e filhos em gestação nenhum mau agoiro poderia sobrevir! Nada de “deitar a galinha” com 13 ovos! Dava azar! E deitá-la em dia de sábado também não convinha nada, porque se acreditava que sairia ninhada de galos e, na capoeira, basta um de cada vez! Galinhas, sim, querem-se muitas, poedeiras, de carninha rija e sempre prontas a ensinar os filhotes a debicar o que devem quer seja comida quer grãozinhos de areia e pedacinhos de cal.
            A sabedoria popular a que, hoje, nem sempre as máquinas dão a atenção devida!

Publicado em VilAdentro [S. Brás de Alportel] nº 178, Novembro de 2013, p. 10.

2 comentários:

  1. Filipa escreveu: "Muitas vezes eu fui dar comer às galinhas que estavam no choco. Era uma delícia o contato com a natureza."

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