«Na última
crónica, vinda a lume um dia antes do seu passamento, evocava Carlos Saraiva a
figura do Padre António Vieira, sublinhando “o seu corajoso combate de púlpito
contra a corrupção que minava e fragilizava a própria soberania portuguesa” e
suspirava:
“Oxalá
Portugal ouvisse…
E
meditasse…”.
Assim.
Habituáramo-nos
a meditar os seus Factos & Sinais
– que motivo eram sempre para meditação, levados também por aquele seu gesto de
acariciar o queixo e o leve sorriso irónico em jeito de “vou dizendo as
verdades como quem não quer a coisa”.»
Tive,
sem dúvida, uma juventude privilegiada nas Casas Salesianas (ele também foi
aluno salesiano), onde o espaço diário para a meditação assumia um papel preponderante
a que só hoje – curioso! – reconheço o devido valor. No ginásio, os minutos passados
na ‘bicicleta’ ou na ‘passadeira’ dão-me, agora, oportunidade de retomar esse
espaço de reflexão, para a possível programação do dia e da semana.
E,
ao ouvir os políticos (ouvimo-los cada vez menos, é certo…), verifico, cada vez
mais, que eles não são senhores, porque, no seu dia-a-dia, lhes falta tempo
para meditação.
Mesmo
que essa tivesse sido a única lição de vida de Carlos Saraiva, já lhe valia a
pena ter vivido!
José d’Encarnação
Post-scriptum: Encontrei, ao ‘folhear’ as pastas do computador, esta
nota que foi publicada, a 11 de Março de 2008, no Jornal de Cascais, nº 117, p. 4. Refere-se à morte repentina de Carlos Saraiva, que fora director daquele semanário. Peço desculpa pela ousadia de
agora aqui a inserir; mas… pareceu-me que não terá perdido actualidade!...
Sem comentários:
Enviar um comentário