sexta-feira, 8 de maio de 2015

Meditação precisa-se!

             Não pôde incluir-se por completo, devido a serem tantos os depoimentos, o que, sob o título «Lutador até ao fim», escrevi em jeito de despedida terrena ao Carlos Saraiva. A primeira parte rezava assim:
            «Na última crónica, vinda a lume um dia antes do seu passamento, evocava Carlos Saraiva a figura do Padre António Vieira, sublinhando “o seu corajoso combate de púlpito contra a corrupção que minava e fragilizava a própria soberania portuguesa” e suspirava:
            “Oxalá Portugal ouvisse…
            E meditasse…”.
            Assim.
            Habituáramo-nos a meditar os seus Factos & Sinais – que motivo eram sempre para meditação, levados também por aquele seu gesto de acariciar o queixo e o leve sorriso irónico em jeito de “vou dizendo as verdades como quem não quer a coisa”.»
            Tive, sem dúvida, uma juventude privilegiada nas Casas Salesianas (ele também foi aluno salesiano), onde o espaço diário para a meditação assumia um papel preponderante a que só hoje – curioso! – reconheço o devido valor. No ginásio, os minutos passados na ‘bicicleta’ ou na ‘passadeira’ dão-me, agora, oportunidade de retomar esse espaço de reflexão, para a possível programação do dia e da semana.
            E, ao ouvir os políticos (ouvimo-los cada vez menos, é certo…), verifico, cada vez mais, que eles não são senhores, porque, no seu dia-a-dia, lhes falta tempo para meditação.
            Mesmo que essa tivesse sido a única lição de vida de Carlos Saraiva, já lhe valia a pena ter vivido!
                                                                          José d’Encarnação

Post-scriptum: Encontrei, ao ‘folhear’ as pastas do computador, esta nota que foi publicada, a 11 de Março de 2008, no Jornal de Cascais, nº 117, p. 4. Refere-se à morte repentina de Carlos Saraiva, que fora director daquele semanário. Peço desculpa pela ousadia de agora aqui a inserir; mas… pareceu-me que não terá perdido actualidade!...

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