O Bairro da
Pampilheira, em Cascais, tem os seus ‘serviços’ na zona oriental: restaurantes,
casas comerciais, Clínica CUF, inspecção
de veículos, Centro de Distribuição
Postal, Cozinha com Alma, creches, jardim infantil, centro de dia, oficinas de
mecânica e outras, uma pequena fábrica...
Ora quem,
utilizando esses serviços, queira regressar, de automóvel, à zona ocidental ou
à Torre, à Marinha ou Quinta da Bicuda, tem de descer a Av. Raul Solnado ou ir
à chamada rotunda de Birre (sempre congestionada, como se sabe), porque alguém
se lembrou de outorgar sentido único aos últimos cem metros da Rua Afonso
Lopes Vieira. O bairro foi sangrentamente dividido em dois!
Que se saiba,
nenhum dos vizinhos (que também são prejudicados, como é óbvio) tal solicitou;
o Colégio existente na esquina não o solicitou também e é de ver o
engarrafamento que tal diariamente provoca em hora de entrada e saída de
crianças.
Dir-se-á que,
assim, há espaço para estacionamento. Certo. Mas as moradias daí têm garagem e
os utentes do Colégio dispõem agora do terreiro onde foi demolido o primeiro
renque de casas do Bairro José Luís. Espaço de estacionamento aí não falta, que
serve também os utentes da clínica.
O que se pede
aos serviços camarários? Que reponham o trânsito nos dois sentidos na Rua
Afonso Lopes Vieira e, consequentemente, os oito sentidos na Rotunda do Rancho
Coral e Coreográfico da Sociedade Musical de Cascais. Não gostaríamos de voltar
ao assunto quando – como pensamos que está planeado – se fizer a inauguração oficial da designação
da rotunda. Custava-nos inaugurar oficialmente o baptismo de uma rotunda de…
sete sentidos!... A não ser que se deseje que ela venha a figurar no rol das ‘extravagâncias’
do concelho!
Serão precisas
obras, é claro! A asneira foi feita com requinte, mas nada que a boa vontade e
alguns euros não possam suprir!
Um bom exemplo – a rotunda da Luta
Na
informação à imprensa de 13 de Dezembro, emanada do respectivo gabinete
camarário, que tinha como tema principal anunciar as novas obras de requalificação
da via principal de Bicesse, acrescentou-se a explicação do significado da
decoração implantada na ampla rotunda da Luta (tem 48 metros de diâmetro!): esse
«conjunto de tubos laranja presta homenagem às características industriais da
zona. A solução da tubagem decorativa surge como analogia aos trabalhos
industriais e às tubagens do subsolo que habitualmente escapam à visão
superficial de uma obra acabada».
Sim,
senhor, muito bem visto! Faltou indicar o nome de quem arquitec tou o arranjo, mas fez-se o que há muito preconizamos
para as rotundas do concelho que têm ‘esculturas’ no meio: explicou-se! Das
outras ninguém percebe o que essas ‘esculturas’ são; não se sabe quem as fez ou
as pensou nem o que querem dizer!
Tem
Cascais destas iniquidades!
Iniquidade em Manique
E
já que falamos em «iniquidade» e em estrada para Manique, não podemos deixar de
verberar a aprovação feita pelo
correspondente gabinete camarário de um edifício tipo caixote implantado por
detrás da Casa da Varanda, em Manique de Baixo.
Mereceu
a Casa da Varanda um prémio por ter sido reconstituída, em 1986, segundo a
original traça saloia e teve a solução
aplausos de todos e honra de ampla reportagem televisiva. Aliás, todo esse conjunto
do chamado «centro histórico» de Manique detém características saloias
singulares que deveriam preservar-se e que, de resto, quando na Câmara houve
essa preocupação de salvaguardar os
‘centros históricos’, foi posta claramente em cima da mesa para uma aprovação que encalhou na Assembleia Municipal, vá-se lá
saber porquê!...
Pois
ali plantaram um caixote, obra de mui ilustre arquitec to
da nossa época, não o nego nem lhe retiro o valor; contudo… não poderia ter
olhado melhor para o enquadramento?... Mas… que digo eu? Insano eu sou! Se se
aceitou que Gonçalo Byrne ali pespegasse as três enormes «parcas» sobre a
marginal, que mal vem ao mundo de um caixote a mais ou a menos mesmo em plena
zona tipicamente saloia? Até dá um ar de modernidade, não dá?
Publicado
em Jornal
de Cascais, nº 328, 19.12.2012, p. 6.
Tal como não foi Afonso Henriques que conquistou Lisboa aos Mouros, também aqui quem gizou essa asneira e a apresentou ao Executivo como se fosse o melhor bolo do mundo devem ter sido os técnicos e, designadamente, o chefe dos serviços camarários que tinha de dar parecer favorável antes de ir a despacho. Não digo que Judas não tenha tido culpa; eu disse-lhe logo que fora asneira, mas, nessa altura, não havia nada a fazer porque a obra concessionada previa aquele perfil e os técnicos não foram suficientemente 'solícitos' para perceberem o erro cometido. Falámos diversas vezes com o anterior Presidente, que também nos manifestou a sua incapacidade para alterar o que estava feito. Perguntamo-nos sempre quem é que manda na Câmara; espero que, neste momento, mande o actual Presidente, a quem também já pus ao corrente da situação e a nossa esperança é que encontre receptividade por parte dos serviços!
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