João Paulo Dias Pinheiro, em nome desta livraria
resistente numa Baixa «desertificada», deu as boas-vindas e regozijou-se por a
apresentação coincidir com um dia em que, pela Baixa, se espalharam bancadas a
incitar à leitura. Baptista Lopes, em nome da editora, Âncora, saudou os autores
presentes e disse do seu agrado em poder continuar a ser editor em época de tamanhas
resistências.
A
escritora Teolinda Gersão fez a apresentação. O leitor, sublinhou desde logo,
ficará admirado com este livro-surpresa, pelas múltiplas pistas que sugere,
pela multiplicidade de personagens (de repente, entra um de quem não estávamos
à espera e ganha posição no palco…), pelo «muito que deixa à imaginação» de
quem ler. Um retrato de muitas entidades nossas contemporâneas, amiúde
‘vespeiros de intrigas’: empresas, bancos, governos (as teias de que os
governos se entretecem…), as reuniões dos ‘grupos de trabalho’ (p. 123-133)...
A realidade de mãos dadas com a ficção. Mais do que um narrador e mais do que
um estilo. No enredo, começa-se, por exemplo, a ler um livro e depois ele fica
a meio. A ironia sempre presente, assim como o lado rocambolesco e até grotesco
das histórias. Todas as histórias do livro são – como o próprio título
preconiza – histórias de amor; o autor nunca é romântico, acredita no amor,
mas…
A
apresentadora traçou uma panorâmica do enredo e mostrou, inclusive, o seu
agrado por não ter sido escrito em obediência ao chamado «Novo Acordo Ortográfico»
– o que lhe emprestou ainda maior encanto.
As personagens existem!
Júlio Conrado não
se limitou aos agradecimentos formais. Quis informar da existência real de três
personagens cujas histórias de vida foram por ele incluídas nesta Turbulência: um juiz desembargador, que
não pôde estar presente; Diana Duarte Gomes, nadadora que, aos 14 anos, bateu
todos os recordes (que ainda mantém) e foi, nos Jogos Olímpicos de Atenas, a mais
jovem atleta portuguesa olímpica de sempre, que ali se sentou, ao lado de Teolinda;
João Orlando dos Santos Martinho, o contabilista que viveu no Brasil dos 18 aos
28 anos e que apertou a mão a Che Guevara, conviveu com o arquitecto Oscar Niemeyer, assistiu ao lançamento da 1ª pedra de Brasília…
e o mais que se lerá! O Amigo também lá esteve!
Explicou
o Autor: homenagem minha, portanto, à Justiça e ao Direito, ao Desporto (através
de uma notável figura da natação, hoje arquitecta e empresária), à odisseia da
diáspora que foi – e é ‒ tributo a
pagar por muitos portugueses.
Terminou
com palavras de reconhecimento ao editor, aos presentes, à família. E anunciou
que, na abertura da temporada teatral, vai passar a ser também dramaturgo, pois
o Teatro Experimental de Cascais tem na programação levar à cena o seu livro O Corno de Oiro.
Bebi um cálice de
porto; saboreei apropriado mil-folhas (era o Dia Mundial do Livro!...); deitei
um olhar arqueológico às seculares arcarias pétreas; e, à saída, regalei-me com
os letreiros em língua francesa (atelier
de reliure, imagine-se!). E vim de alma lavada!
José d’Encarnação
Publicado em Cyberjornal, edição de 24-04-2015:
Terá sido uma bela sessão - abraço cpfeio -
ResponderEliminarNão se pode ir a todas ...mas há quem possa!!! Será "O Homem duplicado"?
ResponderEliminar