E
porquê?
Porque
a Organização achou – e muito bem! –
que ceia medieval, para o ser, tinha de o ser a preceito e, vai daí, todos os convivas
haviam de enfarpelar-se! Ele foi, pois, uma mão-cheia de pajens, de fidalgos,
de princesas, de cavaleiros, de causídicos, de cirurgiões, de frades… Espera
lá! Não vi ninguém vestido de bobo! Pois não havia bobo enfarpelado, não,
senhor! Mas todos quisemos pousar para as sedentas objectivas, que é uma vez na
vida que a gente regressa assim aos tempos dos nossos reis!...
Uma
sala cheia! Uma animação ! E o arauto
cedo nos esclareceu estarmos ali, porque el-rei D. Fernando, de mui saudosa
memória, por carta de 8 de Abril de 1470 (ponho já a era cristã, para não
lançar a confusão!), ou seja, há 645 anos, cedeu Cascais a Gomes Lourenço do
Avelar e teve o cuidado de bem esclarecer na carta quais eram os limites do que
lhe dava. Trata-se, pois, do 1º documento oficial em que se declarou, o preto
no branco, que o território hoje de S. Domingos de Rana ficava integrado no concelho
de Cascais. E este passará a ser o dia oficial da freguesia!
Aproveitou-se
o ensejo, quase em jeito de entremez (salvo seja!), para a senhora presidente
da Junta de Freguesia, «alcaide-mor deste dominicano castelo» (digo eu!), dizer
de sua justiça e mostrar quão empenhada está em fazer o que el-rei há tanto
tempo mandara: pelejar sem descanso pelo bem-estar das suas gentes! Ao que
outro alcaide-mor, o do concelho, também ele vestido a rigor, garantiu que
assim se fazia e se faria , pelo que
dele dependesse, até porque desse termo era nado e criado!
E
como – lá dizia a carta régia – é «apanágio da nobreza e alteza dos reis e dos
príncipes remunerar e galardoar aqueles que bem servem», ali mesmo foram
galardoadas pessoas e entidades que, nos mais diversos domínios da actividade (inclusive
do «empreendedorismo», vocábulo nada medieval que muito entaramelou – e tem razão!
– a língua do arauto!...), se haviam distinguido a bem do Povo!
Comeu-se
em loiça de barro da Taberna do Rei, como convinha; saborearam-se uns nacos de pernil,
uma açorda de javali, panito acabado de fazer e escorropicharam-se pichéis de
bem apaladado tinto.
Numa
peça de teatro, uns senhores de mau agoiro vieram recordar-nos que rico ou
pobre, fidalgo ou monge, homem ou mulher, parvo ou assisado, a todos, um dia,
há uns esbirros que, a mando de tenebrosa senhora, os vêm buscar – e aí todos
se igualam! Alembrou-me o Gil Vicente, ainda que este medieval não fosse, mas
andava lá perto nos seus autos! Houve danças e a Senhora anfitriã fez questão
em vir cumprimentar os comensais e…
…
para o fim-de-semana, a festa promete continuar na Feira Medieval!
José d’Encarnação
Publicado em Cyberjornal, edição de 09-04-2015:
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