Mas isso
de «ensino» era, ao que parece, palavra demasiadamente corriqueira, cheirava,
se calhar, a «antigo regime». Hoje, a Lourdes integra a Direcção Municipal de
Capacitação e Coesão Social. Ora toma! Isto sim é que são palavras a preceito,
o pessoal sabe logo o que é isso de capacitação («És capaz? Tá bem! Não és? Tá
mal, vai aprender!). E «coesão social» também deve ser assim um tratado
interessante, assim a modos de a gente ir todos para uma manifestação, alugar
um autocarro e ir tudo cheiinho, coeso à brava!…
Perdoe-me,
leitor, a minha loucura, mas… quando eu era mais novo, dirigi a página infantil
Os Castores num jornal regional. E
dei-lhe esse nome, porque achei os bichinhos simpáticos, nessa altura eu andava
na Faculdade e lia muitos livros sobre animais que ia buscar à Biblioteca
Americana, a única que tinha livros sobre a vida selvagem nessa longínqua
década de 60. E, para além de admirar a técnica dos castores de fazerem presas
de água, eu achava interessantíssimo que a primeira preocupação da «família»
era ‘marcar’ o território com o seu cheiro característico. Esta zona é nossa,
pronto, nada de intromissões!...
Está aí a
campanha eleitoral para as autárquicas e o que eu mais aprecio é ver que cada
nova equipa que entra muda de imediato não só os nomes das divisões e dos departamentos,
mas também o logótipo. No brasão não tocam, que isso mete despacho e parecer da
Associação dos Arqueólogos Portugueses; mas lá o logótipo, o letring (leia-se: o tipo de letra…) com
que se passa a escrever ‘município’, ‘freguesia’, ‘câmara municipal’… isso tem
de mudar, porque manter o que o Executivo anterior determinara era de muito mau
gosto, pois então!...
E assim,
num país de desempregados, se vai dando emprego aos designers gráficos, aos criativos… Até as palavras de ordem têm de
mudar! «Sabe bem viver em...» – qual quê! Que frase tão pindérica! Temos de
inventar outra! Já!
Publicado em Renascimento
(Mangualde), nº 620, 15-07-2013,
p. 12.
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