quarta-feira, 17 de julho de 2013

As nossas doenças

          Muito que fazer têm hoje psicólogos, psiquiatras, médicos em geral e sacerdotes para lograrem manter a serenidade da população perante os desencontros quotidianos: faz-se, hoje, peremptoriamente uma afirmação e amanhã, com o mesmo à-vontade, proclama-se precisamente o contrário, como se nada tivesse acontecido!
      Ó tempo que eu já acabei isso! – dizia-me amigo meu. E «isso» era ouvir os noticiários e ligar importância aos ‘políticos’. E acrescentava:
      – Eh moce: várias vezes me deu uma sulipampa e fui de urgência… Agora, o que me lembro é da lengalenga de meu pai que rezava mais ou menos assim, para explicar que, apesar das aparências, nada muda: «Sarraguça, faca velha, no debrum do alguidar; ou a cabra é muito velha ou a faca não quer cortar!». Como o luzencu: pisca e foge, foge e pisca e a gente não o agarra, não! Isto com o andar disfarça e, parado, não se nota!...
      Sabedoria antiga!...
      Mas… fiquei a pensar na sulipampa, o chilique, o cair pró lado de repente. De onde virá a palavra? Cair (pumba!) na chulipa do comboio não deve ser – o que não significa que queda dessas, com perda de consciência, não desse mesmo para vir a ser trucidado! Como, aliás, estamos a ser…
 
Publicado em VilAdentro [S. Brás de Alportel] nº 174/175, Julho/Agosto de 2013, p. 10.

 

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