Acho
a afirmação deveras
injusta. Primeiro, porque, no dia-a-dia, o que mais vemos é quem, mui diligentemente,
saiba governar-se – e bem! Isso torna-se mais notório na classe vulgarmente
dita «política»; mas poder-se-iam aduzir exemplos mil, a todos os níveis, de
como a máxima a todos por igual se poderia aplicar. E, em segundo lugar, é bem
refinada mentira, pois essa observação
se ajusta a muitos povos que não apenas aos da Ibéria! E recordo, desde logo,
aquela velhinha trémula, sentada e mísera, na passagem para a «grande
superfície», a suscitar comiseração
imensa e que já terá sido vista, elegantemente vestida e desempoeirada, a
passear-se noutras paragens. Não se governa a senhora, aparentemente oriunda da
Europa Central?
A
questão prende-se mais com a obediência a regras – a que somos renitente s por natureza, ainda não se fez a lei e já
estudámos as 1001 maneiras de a ludibriar, quando não é o próprio texto da lei susceptível
de 1001 interpretações, a fim de… se estar sempre na mó de cima, ora bem!
Veja-se o caso daquele sobre a impossibilidade de alguém voltar a candidatar-se
a mandato camarário, após ter exercido o cargo três mandatos seguidos. A confusão
que anda por aí e não há meio (nem vontade, diga-se!...) de clarificar o
pretendido…
Perdi-me,
confesso, nestas considerações, porque apenas queria exemplificar tudo isso com
um caso bem comezinho, de mui difícil compreensão mas verdadeiro: a Praceta
Padre Marçal da Silveira (no Bairro da Pampilheira, em Cascais), onde está a loja
da Cozinha com Alma e uma creche/infantário, tem ampla placa central relvada.
Num dos postes de iluminação há um distribuidor
de saquinhos para recolha de dejectos caninos, como aliás, outros dois há na
Rua Mário Clarel anexa. Então não é que essa verdejante placa está sempre
ornamentada com os ditos? Sete, oito, nove… Diariamente! Não, não são cãezinhos
vadios os que lá vão, são mesmo aqueles que os senhores donos e donas levam
pela trela a passear. E não é um consolo vê-los aproveitarem-se da relvinha
fresca e sadia? Os saquinhos estão ali bem à vista; os senhores donos e donas
têm olhos na cara e mesmo jovens que são alguns já sofrem (coitados!) de
bicos-de-papagaio: doem-me tanto as costa s!
E, depois, já viu? Apanhar o dejecto? Que nojo!
Publicado em Costa do Sol – Jornal Regional dos Concelhos de Oeiras e Cascais,
nº 7, 17-07-2013, p. 6.
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