quinta-feira, 18 de julho de 2013

Vizinhos e não condóminos

             Está aí a campanha eleitoral e cada candidato procura mostrar o que é sua intenção fazer com que seja melhor a vida dos munícipes.
            No quadro desse bem comum e desse bem-estar que todas as candidaturas se propõem conseguir, creio não estar longe da verdade se afirmar que desejam todos ser cada vez mais vizinhos e cada vez menos condóminos.
            A palavra ‘vizinho’ deriva do vocábulo latino ‘vicinus’, que era o habitante do ‘vicus’, «a aldeia». E aldeia é assim um lugar pequeno, onde toda a gente se conhece e, na necessidade, se entreajuda: um naco de pão, uma malga de sopa, uns euros para o medicamento urgente, a boleia para ir ao médico… Há proximidade, comunidade, na certeza de que assim melhor se logrará viver.
            O vocábulo ‘condómino’, ao invés, afirma-se como criação dos nossos dias, embora possa filiar-se também no latim: con + dominus. Dominus é o senhor, o dono, o que possui algo de seu; detém, pois, uma conotação visceralmente económica. Do ‘ter’ em vez do ‘ser’. E condominus, por conseguinte, apresenta-se como «senhor em conjunto», detentor dos mesmos interesses – económicos, claro!
            Daí o apelo: vamos ser cada vez mais vizinhos e cada vez menos condóminos, certo?
            S. Brás pode dar, também neste domínio, um testemunho exemplar!

[Publicado em Notícias de S. Braz (S. Brás de Alportel), nº 200, 20 de Julho de 2013, p. 21].

 

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