No momento em que o NASPE
comemora 15 anos de actividade em prol da defesa do património cultural de S.
Pedro do Estoril – parabéns! – lançar de novo o olhar para um dos seus monumentos
mais significat ivos, a nível da sua
história, parece-se-nos forma condigna de nos associarmos à comemoração .
Na
verdade, o pouco que resta das grutas artificiais que o Homem escavou na
falésia, há cerca de cinco mil atrás,
merece ser revalorizado.
Aquando da exposição «Blick, Mira, Olha!», patente
no Centro Cultural de Cascais desde 12 de Novembro de 2011 a 12 de Janeiro, p. p.,
mostraram-se instantâneos fotográficos das investigações arqueológicas em que o
Instituto Arqueológico Alemão participou e S. Pedro do Estoril ocupou aí lugar
de destaque, tendo sido escolhida para capa do cat álogo
precisamente uma das fotos colhidas na falésia.
Também
na pequena Sala de Arqueologia do
Museu dos Condes de Castro Guimarães, dedicada à Pré-história cascalense, aos
objectos encontrados no decorrer das investigações da década de 40 foi dado o
devido realce, não apenas pelo seu interesse histórico mas também pelo valor
estético. São notáveis, por exemplo, as quatro espirais de ouro usadas, há
cinco mil anos, como anéis; ainda guardava uma delas a fala nge
do indivíduo jovem que a levara para a sepultura!… Os preciosos onze botões de
osso (circulares, em forma de tartaruga ou ‘de carrinho de linhas’…) indiciaram,
pela sua colocação , que o defunto fora
sepultado envergando a peça de roupa (um casaco?) a que esses botões
pertenceriam. As grandes taças de pé, de barro profusamente decorado, são
também exemplares fora do comum em necrópoles datadas dessa época.
Tudo isso,
enfim, nos mostra que os habitantes de então já detinham um estatuto económico
e cultural fora do comum. E tudo isso, portanto, não se compadece com a
ausência de mais atenção aos
vestígios remane scentes no terreno
do que foram os locais donde esses materiais provieram!
Nunca será de
mais louvar a oportunidade da criação
do Centro de Interpretação Ambiental
da Pedra do Sal, por todas as valências que nele têm sido dinamicamente
aproveitadas; contudo, não só uma periódica e mais assídua limpeza do ‘recinto’
da gruta que nele está incorporada (amiúde transformada em lixeira…) como
também mais frequente evocação ,
através de iniciativas específicas, do que foi esse passado longínquo do lugar
não se nos afiguram despiciendas – e seriam de muito louvar! A possibilidade
de, numa vitrina, se exporem réplicas desses objectos passíveis, inclusive, de
serem comercializadas, acompanhadas de breves e singelos textos explicat ivos, constituiria igualmente deveras significat iva mais-valia. E S. Pedro do Estoril bem o
merece!
[Publicado em Cai
Água (Boletim do Núcleo de Amigos de S. Pedro do Estoril), nº 27, Junho
2012, 1ª pág.].
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