Foi
o telemóvel, sem dúvida, uma invenção extraordinária, de tal modo que hoje
podemos ir para todo o sítio sem isto ou sem aquilo, mas sem telemóvel é muito difícil
que vamos.
No
dia 22 de Fevereiro, a notícia em discussão foi o colapso do SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e
Segurança de Portugal) aquando da tempestade que, semanas antes,
fustigara o País de Norte a Sul. Estive atento à discussão e nunca ouvi ninguém
falar em transístor nem em rádios locais.
É
que, se outra revolução houve do maior interesse foi a do transístor na década
de 60. Podia o pastor ouvir rádio o dia inteiro, enquanto pastoreava o rebanho
e assim matava a solidão. Em caso, pois, de cataclismo, o transístor pode ser
um excelente meio de ligação entre as pessoas, porque, faltando a electricidade,
as pessoas ficam desgarradas do mundo. Disso se queixaram no vale do Mondego e
na região de Leiria: «Não temos telefone nem televisão, nada, não sabemos se há
indicações para fazer isto ou aquilo». Na verdade, também as redes de telemóveis
entraram em colapso: o telemóvel é excelente, mas precisa que o retransmissor
funcione e que haja rede.
E
isso faz-me recordar a reunião que a Protecção Civil de um concelho teve, aqui
há largos anos, com as entidades passíveis de entrar em rede, em caso de
catástrofe. O representante da rádio local explicou que era urgente dispor de
um gerador, justamente para poder transmitir as informações necessárias. Foi
alvo até de alguma chacota: «Se quer gerador, compre-o!». Não perceberam o
alcance da medida, que interessava mais à Protecção Civil que à estação de
rádio em si. E o director da estação meteu a viola no saco.
Pergunto:
já se lembraram de lembrar que, além da pilha, da vela e dos fósforos ou
isqueiro, há que ter sempre à mão um transístor sintonizado na rádio local? Já
se lembraram que a rádio local precisa de ter um gerador próprio, para garantir
as comunicações quando o SIRESP voltar a falhar?
Publicado no
quinzenário Renascimento
(Mangualde), nº 612, 15-03-2013,
p. 10.
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