Pois
tiros nos pés são, agora, especialidade dos que «governam» a Europa e, por
arrasto, Portugal. «Vistos e ouvistos», escusam, agora, de vir com paninhos quentes:
essa ideia, mesmo que seja antiguinha, lá do governo do senhor Guterres mas que
nunca foi posta em uso porque se deve ter compreendido logo que era argolada das
grandes, essa ideia de pôr o Povo a fiscalizar o Povo – «Pediste factura? E compraste
o chupa-chupa sem factura? Não pode ser!»… – é tiro no pé!
Claro,
os técnicos vieram logo explicar:
«Mesmo que esteja sentado num
café e veja um cliente a recusar uma factura, não posso agir sem uma ordem de
serviço», explicou Paulo Ralha, presidente do Sindicat o
dos Trabalhadores dos Impostos, acrescentando que estes profissionais só podem
«agir numa situação de flagrante
delito e nunca a posteriori».
Então
não se passa a mesma coisa com os ladrões? Só em flagrante delito! Apanhado com
a boca na botija!...
Portanto,
todo esse alarido… um tiro no pé!
O
pior é que, concomitantemente, neste caso também ocorreu a outra façanha: vai o
tiro sair pela culatra! Ou seja, como é bem de ver, quanto mais querem apertar
a malha, pela repressão, mais o Zé-povinho descobre os buracos na rede e… lá
vai ele!
E
tudo isso porquê? Por falta de motivação !
Por não se ver direito que vale a pena fazer sacrifícios, nós, os pobres, que
já tantos fazemos no dia-a-dia, roubados por quem não é nunca apanhado em
flagrante delito!
Mas…
eu falei em «motivação »? Bolas,
saiu-me! Isso é palavra da Pedagogia e da Didáctica e disso é que eles, «vistos
e ouvistos», não percebem mesmo nada!
Publicado no
quinzenário Renascimento
(Mangualde), nº 611, 01-03-2013,
p. 11.
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