«Abábuas»:
foi essa a palavra da minha meninice que, tantos anos passados, ora me ocorreu,
quando a pernita de um dos meus netos apresentou esses sintomas. E dei comigo a
pensar: «Abábuas? Que estranha palavra essa: donde virá?».
Claro
que a pesquisa no dicionário e na Internet não resultou, porque, a existir, o vocábulo
é apenas a corruptela de uma ou de duas palavras que têm precisamente esse
significado de erupção cutânea,
prurido, provocado, por exemplo, pela passagem ou picadela de insecto:
– de baba, com a junção ,
mui frequente na fala, do a em
prótese (como em amandar);
– ou de pápula, sem dúvida mais difícil de pronunciar para ouvidos pouco atreitos
a palavras eruditas.
Essa ideia de
os ‘bicho s’ (mesmo as úteis e
inofensivas osgas…) provocarem doenças constitui, aliás, uma crença popular,
hoje não despicienda, quando, por tudo ou por nada, se diagnostica: «É uma
virose!». E está bem patente naqueloutra palavra de que já tratámos aqui
(Ago/Set 2010): o bicho co, espécie
de furúnculo, difícil de sarar. Bichoco está por… bicharo co!
Publicado em VilAdentro
[S. Brás de Alportel], nº 170 (Março 2013) p. 10.
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