Técnicas
da magnífica Biblioteca Municipal de Torres Novas, habituadas, por isso, a dinamizar
sessões de leitura para crianças, lançaram mão a esta obra que, aparentemente singela
e despreocupada, encerra grandes lições para crianças e… para adultos, um pouco
ao jeito do Principezinho, de
Saint-Exupéry, ou d’As Aventuras de João
sem Medo, de José Gomes Ferreira.
Tudo gira em torno
da linha, elemento que – com os mais diversos significados, concretos e abstractos
– intimamente se entretece no nosso quotidiano: andar na linha; a linha do
horizonte; «Deus escreve direito por linhas tortas»; há linhas oblíquas; as
linhas com que se tramam vidas; a trama e a teia; linhas que atam uma história
(a perna) a uma outra história (um chapéu de chuva atado também…); «há linhas
que comemos com prazer…» (ai, este delicioso esparguete!...); «há linhas que
contam uma história no rosto do avô António»; «há linhas que não se sabe nem
onde começam nem onde acabam… e que, se puxares por elas, muito devagarinho,
aos poucos, todos os nós se desatam». «Quando o Luís se zanga fica com a cabeça
cheia de nós. Depois, para os conseguir desatar, tem de perceber com que linhas
é que eles se formaram» …
E
não resistiram as autoras a incluir – com a actualidade que facilmente se
adivinha – as linhas de um lenço de namorados:
«Meu
Manel bai pró Brazil
Eu
tamem bou no bapor
gordada
no curação
daquele
qué meu amor».
Um
livro inspirado e inspirador de muitas histórias para a «hora do conto»
(termina com a libelinha a voar…). Uma
presença doravante imprescindível em todas as bibliotecas. Lindíssimo veículo
de um saber profundo!
Publicado em Cyberjornal, 02-05-2013:
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