Reveste-se
de particular interesse esta iniciativa - patrocinada, naturalmente, por ambos
os municípios, em que tanto o cavalo como o touro fazem parte da actividade económica,
social e comunitária quotidiana - precisamente porque se procurou juntar numa
mesma reunião científica,
toda uma panóplia de assuntos, vistos dos ângulos mais diversificados, o que enriquece
sobremaneira as perspectivas de análise.
O
Doutor Fernando Coimbra, grande dinamizador do congresso, especializou-se na
investigação em arte rupestre e não admira, por isso, que logo a 1ª sessão haja
sido dedicada às representações desses dois animais desde os tempos paleolíticos
em sítios de Espanha, Grécia, Marrocos, Líbia…
Entrando-se na História propriamente dita, nas civilizações pré-clássicas
e clássicas, falou-se do cavalo
no Egipto faraónico (como símbolo de poder, por exemplo), das quadrigas de Roma,
do cavalo como animal sagrado, para, no que à Idade Média e à Idade Moderna diz
respeito, se dizer de «los primeiros
caballos llevados a América por españoles y portugueses» e do papel deste animal
na cultura islâmica e também na Revolução Industrial.
A domesticação, tema perene, foi analisada; e
igualmente se proporcionou encarar o cavalo do ponto de vista museológico, ou
seja, que exposições há e podem vir a fazer-se: no Museu Nacional de
Arqueologia, no Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes, na Casa
dos Patudos ( Alpiarça)…
E, claro, como se
compreende, «a
criação de cavalos e a sua utilização artística e desportiva» não podia deixar
de estar presente, encarando-se, inclusive, «a criação do cavalo Lusitano numa perspectiva biológica».
Os aspectos paleontológicos não foram esquecidos assim
como a «utilização militar do cavalo ao longo dos
tempos».
Para o Cine-teatro da Chamusca (dias
18 e 19), o touro vai ser o «rei», prevendo-se, a seu respeito, uma abordagem
temática idêntica à que se fez sobre o cavalo, ainda que, no final, ambos os animais
se analisem: em lendas, nos
bestiários, nos fabulários (o centauro!), nos contos e, inclusive, «en el imaginario mágico-religioso de los
Mayas»!
Inaugurar-se-á a exposição de pintura «30 000 anos de História do Cavalo». E, no
âmbito das visitas programadas para amanhã, 17, os destinos são, em alternativa:
a Ganadaria Assunção Coimbra e a Coudelaria Veiga (Chamusca e Golegã); Abrantes (Museu D. Lopo de
Almeida e castelo, Museu de Arte Pré-Histórica de Mação); Vila Velha de Ródão (Centro de Interpretação de Arte Rupestre do
Tejo, castelo e miradouro do rei Wamba, passeio de barco às Portas do
Ródão, lagar de varas, conferência sobre o Paleolítico do Ródão pelo Dr. Luís Raposo).
Acrescente-se que estará presente a tauromaquia, no
domingo: a sua história, «Cartazes
tauromáquicos das décadas de 1960-70: intervenções de conservação e restauro
numa colecção particular», as festas
de toiros em Portugal e em Espanha, de ancestral valor (queira-se ou não). Por
fim, cavalos e toiros nas artes plásticas: pintura, escultura, azulejaria…
Por conseguinte, em terras ribatejanas, uma plêiade
de investigadores está a demonstrar como o cavalo e o touro, afinal, além das ‘funções’
utilitárias e de diversão que se conhecem, podem constituir deveras
interessante fonte de reflexão e de bem aprofundado estudo.
Publicado em Cyberjornal, 16-05-2013:
http://www.cyberjornal.net/index.php?option=com_content&task=view&id=18311&Itemid=30
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