No credo católico, súmula de dogmas
professados, diz-se, a dado momento, que, após a Sua breve vida na Terra, Jesus
«subiu aos Céus, onde está sentado à direita de Deus Pai». Inspirou esta
expressão o pendor filo sófico de
Antero de Quental: «Na mão de Deus, na Sua mão direita / Descansou afinal meu
coração ». E foi esse o mote escolhido
por António Salvado para o seu mais recente livro de poemas: Na Sua Mão Direita (Edições Sirgo, Castelo
Branco, 2013; ISBN: 978-989-07695-8-8).
30 títulos: 28 poemas propriamente
ditos, assumindo alguns a forma de soneto mas sem obediência a rima; uma longa
oração de prosa poética – «Fere-me
os olhos a Tua Luz» (p. 37-38) – e o «Secreto Lugar», em jeito de coroa de
cinco sonetos.
Ressonâncias bíblicas: um «salmo com
gratidão» (p. 36); a evocação dos apóstolos
Paulo, Pedro e Judas numa procura de perdão; a «água niveal de Siloé», símbolo
da purificação por que se anseia; a
via sacra da vida, «noite amarga» em busca de «um som de claridade» que anime e
revigore…
Por todas as páginas, porém,
dominante, o diálogo com o Senhor: numa prece «sem melodia, mas de amor
ornada»; na consciência do «débil pó» que nos conforma, no desejo místico de,
esquecido o tempo e ultrapassado o espaço, a serenidade enfim chegar.
Livro, pois, inesperado: mensagem impregnada
de uma tranquilidade que é hora de procurar.
Publicado
em Cyberjornal, 31-05-2013:
http://www.cyberjornal .net/index.php?option=com_content&task=view&id=18388&Itemid=30
P. S.: “«Na Sua Mão Direita» – uma oração de António Salvado”, Gazeta do Interior (ano XXIV, nº 1286, Castelo Branco), 07-08-2013,
p. 10.
P. S.: “«Na Sua Mão Direita» – uma ora
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