O
Dr. Carlos Monjardino, presidente do Conselho de Administração da Fundação,
saudou os presentes e deu conta, em breve alocução, do que foram os 25 anos da instituição
(constituída a 18 de Março de 1988), objectivos propostos e atingidos,
nomeadamente no que concerne a mais estreita ligação entre Portugal-metrópole e
os que foram seus territórios no Oriente – Macau (de modo especial), Timor e
Goa. A promoção da língua e da cultura portuguesas através das mais diversas iniciativas
constituiu preocupação fundamental, em estrita colaboração com as entidades
locais, sendo de realçar o importante papel do Instituto Português do Oriente,
em Macau, e o apoio às comunidades macaenses. Inseriu-se também nessa política
a criação, em 2008, deste Museu do Oriente, como «ponte entre culturas
remotas», a fim de melhor se «contribuir para o encontro entre Ocidente e
Oriente e para uma relação entre civilizações em que o conhecimento, a arte e
também as relações económicas substituam a ignorância, o fanatismo e a guerra».
O
concerto de Ana Moura foi inolvidável. Não apenas pelos temas cantados mas
também – e quiçá, sobretudo – pelo modo como a fadista e os seus músicos se
apresentam, numa contagiante empatia, porque não é apenas a voz, a melodia, o
virtuosismo com que dominam a seu bel-prazer os instrumentos: é a irradiação
para o público de uma alegria, de um prazer partilhado, «gostamos do que estamos
a fazer e não resistimos a sorrir, a menear-nos no doce enleio para que a
melodia nos arrasta»…
Esguia,
nos seus longos cabelos negros, vestido negro também, até aos pés mas envolto na
finura transparente de organza (diríamos!), a estilização minimalista de um
xaile, sorriso pleno e permanente, a vénia singela e breve na retribuição dos quentes
aplausos… – Ana Moura encantou!
Deixou-nos,
a dado passo, com os seus músicos. E foi um festival! Ensaiada e bem original
rapsódia – não foi exactamente rapsódia, mas de onde em onde colhíamos trechos
de fados nossos… – onde o espírito do jaze esteve bem presente, para cada um
dos músicos brilhar a solo, num virtuosismo singular: Ângelo Freire, na
guitarra portuguesa (magnífico!); Pedro Soares, na viola de fado; André Moreira,
na viola baixo; João Gomes, nos teclados; e Márcio Costa, na bateria e percussões.
Não regateámos merecidos aplausos, mesmo a meio do longo e saborosamente
orquestrado trecho com que nos brindaram!
Além
do conteúdo do álbum «Desfado», tivemos ‘direito’ a vibrar com o seu já consagrado
«Búzios» («Vê
como os búzios caíram virados p'ra norte / Pois eu vou mexer o destino, vou
mudar-te a sorte»)… E, no final, os
longos aplausos apenas conseguiram mais um fado – que nos apetecia ficar ali a
noite toda. Mas não podia ser – uma requintada ceia esperava os convidados numa
sala ao pé.
Publicado em Cyberjornal, edição de 22-05-2013:
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