Agora (a gente sabe que não é assim, que não há nenhum partido português a governar Portugal, somos governados da estranja, mas vamos fazer de conta…), agora é uma coligação PSD/CDS que está oficialmente no Governo e a Câmara de Cascais é dessa mesma coligação. Por isso grandemente me espanta a notícia hoje veiculada pelo jornal Expresso:
«As
autarquias de Lisboa e de Cascais e a Associação de Turismo de Lisboa
celebraram um acordo para a criação da nova Entidade Regional, responsável pelo
sector turístico da região». E essa nova instituição
vai adoptar a designação de ERTL – Entidade Regional de Turismo de Lisboa, e
terá, simbolicamente, sede no Terreiro do Paço.
Boa!
O que eu gosto é do «simbolicamente»!
Acrescenta
a notícia:
«Vítor
Costa, o director-geral da ATL, vai ser candidato à presidência da nova
entidade, enquanto o vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais, Miguel
Pinto Luz, será candidato à vice-presidência».
Claro
que, como historiador (há umas décadas…) do património turístico cascalense,
não posso estar mais em desacordo, porque esta é mais uma forma encapotada de a
capital nos absorver e nos matar a identidade.
Recordaria
apenas que, dois dias antes do 25 de Abril de 1974, foi gravado um programa no
Rádio Clube Português, o debate, moderado por Luís Filipe Costa, em que todos
os intervenientes, entre os quais se contavam, por exemplo, Licínio Cunha,
então presidente da Junta de Turismo do Estoril, e eu próprio, lutámos contra a
intenção, que então se preconizava, de erradicar o nome «Estoril» e mudar tudo
para «Costa de Lisboa». Estava-se, repito, antes do 25 de Abril! Devido aos
acontecimentos revolucionários, esse programa, de cerca de uma hora, só iria
para o ar largos dias depois; mas a nossa posição ganhou e as ‘capas’ (vide
imagem) que já tinham sido previamente impressas aos milhares – para
pressionar!... – acabaram por ir para o lixo.
Aproximam-se
a passos largos as eleições autárquicas. Pensamos que os candidatos devem sobretudo
pugnar, com unhas e dentes, por defender a nossa identidade cascalense – e
isto, aliás, se proclamou na sessão preparatória das comemorações dos 650 anos
de elevação de Cascais a vila, a 8 de Abril, p. p. A notícia que hoje
(04-05-2013) lemos não é, pois, de bom augúrio.
Oxalá
os responsáveis saibam pôr a mão na consciência e fazer marcha-atrás.
Enquanto
é tempo!
Publicado em Cyberjornal, edição de 04-05-2013:
Anda no ar uma paranóia crescente quanto a uma pretensa demarcação de terreno - como fazem os bichinhos... - através da qual tudo «muda» (mormente os mandantes), tudo se desestabiliza, sem conhecimento de causas, com os resultados canhestros quando não catastróficos que vamos conhecendo.
ResponderEliminarNada se melhora. Tudo se «muda». E com tanta celeridade que aquilo que mudou ontem volta a mudar amanhã, forma mais do que conhecida de alijar e encobrir responsabilidades - porque, à partida, parece saber-se que a dita «mudança» vai desembocar em previsíveis maus resultados. Assim, «muda-se»... e salta-se para outra onda. O que me leva a dizer que não consigo alicerçar a mínima confiança nesta gajada toda.
«Páre, escute e olhe», diziam os avisos das passagens de nível e dizia-o, também, o José Jorge Letria em canção de Abril.
Duas das (muitas) coisas que nos fazem falta: ponderação e Abril.
Grande abraço.
Teve o Professor Licínio Cunha a gentileza de me escrever, hoje, dia 8, a rectificar o meu escrito. Transcrevo, agradecendo:
ResponderEliminar«Há um lapso no seu texto. Eu não fui presidente da JTCE antes de 25 de Abril, mas recordo-me da intenção de criar a “Costa de Lisboa” com que sempre discordei e continuo a discordar. O Estoril tem uma imagem de marca no turismo mais antiga do que a de Lisboa e aí foi criado o 1º grande projecto do turismo do País. Por isso quando “fui governo” a designação passou a ser Costa do Estoril por… lei.
Logo esta pretensão é ilegal a não ser que o diploma seja revogado.»