quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Autarquias e património arqueológico

            Tem-se comentado ultimamente o relacionamento das autarquias com o seu património arqueológico. Se os autarcas – presidentes de Câmara e de juntas de freguesia, vereadores da Cultura (e não só) – visitavam os sítios arqueológicos, nomeadamente aquando da realização de campanhas de sondagem ou de escavação.
            Creio não andar longe da verdade se, vistos os depoimentos que vieram a lume, afirmarmos que, de um modo geral, os autarcas estão conscientes da importância que o património arqueológico detém como ‘ícone’ de uma memória e de uma identidade a valorizar. Nem sempre disporão das verbas necessárias para o efeito; nem sempre agirão com a força necessária para suster determinado investimento imobiliário que não preserva esses vestígios; mas o balanço é positivo.
            Nas câmaras da Grande Lisboa, por exemplo, esse apoio é bem evidente, ainda que nem todas vejam com bons olhos alguma ‘superintendência’, nesse domínio, da Assembleia Distrital de Lisboa e se hajam negado – como foi o caso da de Cascais – a contribuir para esse fim. No entanto, se podemos falar da Amadora, de Torres Vedras, de Vila Franca de Xira ou, mesmo, da Câmara Municipal de Lisboa, nesse aspecto pensamos não exagerar quando se afirma que Oeiras bem cedo compreendeu esse superior interesse da Arqueologia.
            O apoio incondicional dado ao estudo e valorização do povoado de Leceia é disso exemplo deveras sintomático. Mas há, no complexo da Fábrica da Pólvora de Barcarena, um pólo museológico dedicado expressamente à arqueologia oeirense. E há, de modo muito especial, o apoio incondicional dado à continuação de publicação da revista Estudos Arqueológicos de Oeiras, ainda que – de quando em vez – eles não digam respeito em exclusivo ao território oeirense. Claro que, nesse aspecto, tem valido a intercessão do Doutor João Luís Cardoso, que vem superintendendo com saber e toda a diplomacia, a essa actividade – e merece, por isso, o maior encómio.
            Vêm estas considerações também a propósito da recente publicação do volume 19 (2012) dos Estudos Arqueológicos de Oeiras, correspondendo à edição – por parte da Câmara, através do Centro de Estudos Arqueológicos do Concelho de Oeiras - das Actas do IX Congresso Ibérico de Arqueometria, cujos editores científicos foram a Doutora M. Isabel Dias (Instituto Superior Técnico/Instituto tecnológico e Nuclear) e o referido Doutor João Luís Cardoso.
            Esta reunião, de carácter bianual, realizou-se pela primeira vez entre nós (Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 26 a 28 de Outubro 2011), numa organização do Grupo de Geoquímica Aplicada & Luminescência no Património Cultural (GeoLuC) do Instituto Tecnológico e Nuclear (ITN) e da Sociedade de Arqueometria Aplicada ao Património Cultural (SAPaC). E o volume de actas dá conta do elevado interesse das comunicações ali apresentadas e em boa hora vindas a lume e postas à disposição da comunidade científica.

Publicado em Cyberjornal, edição de 19 de Fevereiro de 2013:
http://www.cyberjornal.net/index.php?option=com_content&task=view&id=17888&Itemid=30

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