Creio
não andar longe da verdade se, vistos os depoimentos que vieram a lume,
afirmarmos que, de um modo geral, os autarcas estão conscientes da importância
que o património arqueológico detém como ‘ícone’ de uma memória e de uma
identidade a valorizar. Nem sempre disporão das verbas necessárias para o
efeito; nem sempre agirão com a força necessária para suster determinado
investimento imobiliário que não preserva esses vestígios; mas o balanço é
positivo.
Nas
câmaras da Grande Lisboa, por exemplo, esse apoio é bem evidente, ainda que nem
todas vejam com bons olhos alguma ‘superintendência’, nesse domínio, da
Assembleia Distrital de Lisboa e se hajam negado – como foi o caso da de
Cascais – a contribuir para esse fim. No entanto, se podemos falar da Amadora,
de Torres Vedras, de Vila Franca de Xira ou, mesmo, da Câmara Municipal de
Lisboa, nesse aspecto pensamos não exagerar quando se afirma que Oeiras bem
cedo compreendeu esse superior interesse da Arqueologia.
O
apoio incondicional dado ao estudo e valorização do povoado de Leceia é disso
exemplo deveras sintomático. Mas há, no complexo da Fábrica da Pólvora de
Barcarena, um pólo museológico dedicado expressamente à arqueologia oeirense. E
há, de modo muito especial, o apoio incondicional dado à continuação de
publicação da revista Estudos Arqueológicos de Oeiras, ainda que – de
quando em vez – eles não digam respeito em exclusivo ao território oeirense.
Claro que, nesse aspecto, tem valido a intercessão do Doutor João Luís Cardoso,
que vem superintendendo com saber e toda a diplomacia, a essa actividade – e
merece, por isso, o maior encómio.
Vêm
estas considerações também a propósito da recente publicação do volume 19
(2012) dos Estudos Arqueológicos de Oeiras, correspondendo à edição –
por parte da Câmara, através do Centro de Estudos Arqueológicos do Concelho de
Oeiras - das Actas do IX Congresso Ibérico de Arqueometria, cujos editores
científicos foram a Doutora M. Isabel Dias (Instituto Superior
Técnico/Instituto tecnológico e Nuclear) e o referido Doutor João Luís Cardoso.
Esta
reunião, de carácter
bianual, realizou-se pela
primeira vez entre nós (Fundação
Calouste Gulbenkian, Lisboa, 26
a 28 de Outubro 2011), numa organização
do Grupo de Geoquímica Aplicada & Luminescência no Património Cultural
(GeoLuC) do Instituto Tecnológico e Nuclear (ITN) e da Sociedade de
Arqueometria Aplicada ao Património Cultural (SAPaC). E o volume de actas dá
conta do elevado interesse das comunicações ali apresentadas e em boa hora
vindas a lume e postas à disposição da comunidade científica.
Publicado em Cyberjornal, edição de 19 de Fevereiro de 2013:
http://www.cyberjornal.net/index.php?option=com_content&task=view&id=17888&Itemid=30
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