Faleceu, na quinta-feira, dia 7, serenamente, ao começo da tarde, em sua casa, em Pulheim, na Alemanha, com 84 anos de idade (24-10-1928 / 07-02-2013)
Para além do
seu saber e do seu intenso labor científico, Untermann irradiava em torno de
si, desde o primeiro momento, uma enorme simpatia e sempre teve o condão de
formar discípulos e de fazer interessar muitos pela investigação a que de alma e coração
se dedicou. Era o Amigo, o Professor atento e interrogante, que lançava
hipóteses com uma humildade imensa, na perspectiva de contribuir para o avanço
do conhecimento mas jamais com a pretensão de se apresentar como o ‘depositário
único’ desse conhecimento. Educava para a liberdade crítica, judiciosa e
serena.
Um dos seus
primeiros trabalhos, Elementos de un Atlas Antroponímico de la Hispania Antigua (Madrid, 1965), é citado ainda hoje como obra
de referência, pois que, embora se tenham multiplicado muito os testemunhos dos
antropónimos aí tratados, o certo é que permane cem
válidas as conclusões retiradas já nesse longínquo 1965 em relação , por exemplo, às influências detec tadas com vista à determinação
de áreas linguísticas.
Foi um dos grandes motores dos colóquios
sobre línguas e culturas paleo-hispânicas, a cuja comissão coordenadora, de
cariz internacional, presidiu durante longos anos e só a pouca disponibilidade
para fazer viagens é que o impossibilitou de estar fisicamente presente no
XI Coloquio Internacional de Lenguas y Culturas Prerromanas de la Península
Ibérica, que se realizou em Valência,
de 24 a
27 de Outubro, p. p.
Importância marcante
teve a sua obra monumental, os Monumenta
Linguarum Hispanicarum, publicados em Wiesbaden, o I volume em 1975 e o IV,
em 1997 (Band IV. Die tartessischen.
keltiberischen und lusitanischen Inschriften). Logrou ainda terminar o
último, dedicado à toponímia.
Tivemos, em
1993, já lá vão dez anos, a oportunidade de o homenagear – com o volume «Novedades
y correciones en la teonimia galaica. Studia
paleohispanica et indogermanica J. Untermann ab amicis hispanicis oblata», publicado
em Barcelona. Mas não há dúvida que a nossa maior homenagem será, para os
crentes, elevar por ele uma prece; e, para todos, saber colher o exemplo da sua
abnegada vida.
Como escreveu
o Prof. Javier de Hoz, actual presidente da atrás referida
comissão, «hasta el último momento ha sido un gran hombre y un gran sabio y
nuestros estudios se quedan un poco huérfanos. Tendremos que pensar en cómo
dedicarle en España un recuerdo que nunca será el último.».
Que descanse
em paz!
O casal Untermann, em sua casa de Pulheim, com o epigrafista romeno Ioan Piso (Maio de 2012) [gentileza de I. Piso]
Publicado no Cyberjornal, edição de 10 de Fevereiro
de 2013:
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