Como
todos os profissionais, também o agente turístico, qualquer que seja a
actividade a desenvolver, se vê diariamente confrontado com estas duas
imprescindíveis realidades: formação e inovação .
«Formação »
não significa «dar forma», tal qual o oleiro molda um boneco e ele assim fica,
estático; o conceito é, ao invés, dinâmico, implica actualização permane nte,
porque permane nte é a alteração quotidiana das conjunturas em que somos chamados
a actuar.
Nesse
sentido, formação consubstancia em
si duas vertentes: a aparentemente passiva, de aquisição
de conhecimentos, mormente através de leituras e de humilde aprendizagem com os
mais experientes; e a activa, que parte fundamentalmente da iniciativa de cada
um, da sua vontade de saber mais.
E entra aqui
uma outra palavra, amiúde esquecida, que desempenha uma função primordial: a vocação ! Se o «agente turístico»
não se sente bem na sua pele; se não tem propensão para fazer apreciar a
Natureza, o Património Cultural nas suas múltiplas manifestações; se “viagem” para
conhecer gentes, novos costumes e novos horizontes não exerce sobre ele
particular fascínio – o melhor é procurar outra ocupação ,
porque não se encontra suficientemente
motivado e será um fracasso.
Com
essa dinâmica se prende a inovação . Quando, no colóquio «Turismo em Portugal.
Passado. Presente. Que Futuro?», realizado, a 8 de Maio deste ano de 2012, na
Escola Superior de Turismo e Hotelaria do Estoril, por iniciativa da Fundação
António Quadros, Armando Rocha falou que importa oferecer emoções e José
Guilherme Victorino recordou, ao evocar a acção
de António Ferro, a sua frase «Quando o hóspede deixar de ser mencionado pelo
seu nome, a pousada perde o seu significado», senti que, inclusive atendendo às
mais recentes experiências vividas, por aí se tinha de caminhar.
No livro O Principezinho, de Saint-Éxupéry, a
raposa insiste: «Cativa-me! Porque, se me cativares, eu deixarei de ser para ti
uma raposa e passarei a ser a raposa». O agente turístico carece de
seguir essa lição : inovar para
cativar, para que a sua actividade, as suas iniciativas, o seu empreendimento
não sejam mais um, mas assumam para
o cliente o carácter de singularidade, que... cativa! Como se, da jarra do corredor do hotel onde te encontras
hospedado, te convidassem a pegar livremente numa flor e gentilmente a
oferecesses, como tua, à pessoa amada!...
Publicado em: Abranja, N.,
Alcântara, A. A., Carneiro, I. Coelhoso, F., Ferreira, R. V., Marques, A. P.,
Pereira, A. C. & Teixeira, D. (Eds), Turismo Formação e Inovação.
Mangualde: Edições Pedago, 2012, p. 32.
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